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domingo, 7 de junho de 2009 | 7.6.09 WIB Last Updated 2009-06-07T21:50:09Z
O perigo que vem dos céus
Fonte e foto: Agência EM TEMPO
Os acidentes aéreos ocorridos nos últimos meses em todo o mundo trazem à tona o perigo para quem mora perto de aeroportos e aeroclubes. Nos últimos anos, sete acidentes foram registrados próximo ao aeródromo, na zona Centro-Sul de Manaus.

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A imagem abaixo é de um bimotor sobrevoando a poucos metros do asfalto (onde circulam milhares de veículos e pessoas diariamente e localizam redes de distribuição de energia), já se tornou parte da rotina de quem mora ou transita pela zona Centro-Sul, nas proximidades das avenidas Nilton Lins e Torquato Tapajós, onde está localizado o Aeroclube de Manaus. O espaço também funciona como único aeródromo (aeroporto para aviões de pequeno porte) da cidade, gerando um fluxo intenso de aeronaves na área, que incluem 16 voos diários da Empresa de Correios e Telégrafos e voos fretados de cinco empresas de aerotáxi.


O temor de um acidente já se concretizou algumas vezes, inclusive com vítimas fatais, deixando no ar um clima permanente de tensão entre os moradores da área, que abriga bairros como União, Parque 10, Flores (com algumas dezenas de conjuntos residenciais e comunidades), Parque das Laranjeiras e do bairro do Alvorada, já na zona Centro-Oeste.

Segundo o Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 7), sete acidentes aéreos ocorreram com aviões que decolaram ou iriam pousar no Aeroclube de Manaus. Em um deles, ocorrido em fevereiro de 2001, o piloto, único ocupante da aeronave, morreu. No último deles, um hidrovião que decolou do Aeroclube caiu na Marina de Samarina. O piloto morreu. No avião estava o secretário de Segurança Pública, Francisco Sá Cavlcante, um oficial da PM e o dono da aeronave.

Quado foi criado, há mais de 60 anos, o aeroclube ficava situado em uma área muito distante dos centros urbanos e atuava exclusivamente para treinamento, voos esportivos e paraquedismo, além de escola de aviação. Hoje, além de estar no meio de uma regiões de grande tráfego de pessoas e veículos, também abriga o Aeroclube de Flores, que recebe pequenas aeronaves, principalmente as que fazem viagens ao interior do Estado.

>>Polêmica

Este é o cenário alvo de uma polêmica que já se estende por alguns anos. De um lado, os moradores dos bairros localizados nas proximidades, que pedem a remoção do aeródromo por conta do risco de acidentes e, do outro, os donos de empresas de aerotáxis que insistem em permanecer no local.

No centro da polêmica, o poder público, neste caso representado pela Prefeitura de Manaus, que ainda não tem respostas, mas manifesta interesse na mudança. Segundo o diretor-presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), Bosco Saraiva, a transferência não está descartada. “Ainda não temos nada de concreto, mas sabemos que essa é uma necessidade antiga e o interesse da prefeitura se dá por conta da existência de um grande conglomerado urbano no entorno do aeroclube”, afirma.

Irritado com o assunto, o presidente do aeródromo, Luiz Mário, afirma que a que a mudança não vai acontecer. “Enquanto eu for o presidente daquilo ali, o aeródromo não vai sair de lá”, desafia.

>>Puraquequara ou Iranduba são alternativas

A discussão ganha novos contornos com a anunciada mudança no Plano Diretor da cidade. A transferência para outra área de Manaus, provavelmente no bairro de Puraquequara, ou para fora da cidade, no município de Iranduba, já está sendo cogitada. Outra possibilidade é a reforma do aeródromo com recursos da Copa de 2014.

Alguns empresários entendem que a melhor solução seria o Puraquequara, Zona Leste. “Lá, não haveria a aproximação com as casas e os aviões passariam apenas por cima do rio“, diz o proprietário da Especial Aerotáxi, Ayrton Brasil, que trabalha há 32 anos com aviação.

Já o empresário Mauro Paulino, proprietário da Parintins Aerotáxi, o município de Iranduba não seria uma boa opção porque haveria riscos de conflito de rotas com os aviões que se utilizam do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. “Haveria necessidade de limitar o número de voos para não haver riscos de acidentes”, comentou. O empresário levanta a necessidade de um amplo debate sobre o assunto, antes de qualquer mudança. “Se existem problemas hoje, eles não foram causados pela entidade, mas sim pela ocupação desordenada da área”, comenta.

O empresário Pedro Teixeira, dono da empresa Lafir Linhas Aéreas, foi vítima de um acidente que envolveu o seu próprio avião. Ele era o único passageiro do bimotor que caiu sobre as casas do bairro União, no dia 23 de novembro de 2007. A aeronave caiu depois de problemas no trem de pouso e de um “engasgo do motor”. Apesar de atingir seis casas, ninguém se feriu. Mesmo com o acidente, Teixeira acredita que a mudança de lugar do aeroclube vai prejudicar as empresas e, principalmente, a formação de pilotos vindos de outros Estados. “Em outros lugares do país como Congonhas (SP), a maioria dos grandes aeroportos está dessa forma – localizados em áreas centrais da cidade. Se fosse por isso, o Eduardo Gomes (aeroporto internacional) também deveria sair de lá porque todos os aviões passam em cima da Cidade Nova que é um ‘formigueiro humano’. Lembra daquela turbina do avião cargueiro que caiu em cima das casas no ano passado?”, questionou.

>>Morte, pânico e sustos

Nos 69 anos de existência do aeroclube, sete acidentes foram registrados no aeródromo, um com vítima fatal, segundo o Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 7).

Em janeiro de 2001, a aeronave EMB-721D (Sertanejo) - PT-RLQ, da Regional Táxi Aéreo, decolou do aeródromo com destino ao município de Borba. Ao atingir aproximadamente 200 pés, ocorreu uma parada de motor, obrigando o piloto a realizar um pouso forçado a cerca de 400 metros da cabeceira. No pouso, a aeronave colidiu com arbustos, fraturando parte da asa esquerda e partindo o cone de sua fuselagem. Após a parada e a saída dos tripulantes e passageiros, alguns sofrendo ferimentos leves, a aeronave incendiou.

Um mês depois, o piloto do hidroavião Lake Aircraft 250 - PT-OBI, da Táxi Aéreo Rio Amazonas, não teve tanta sorte. Ele iniciou uma decolagem, mas durante a corrida, enquanto os trens-de-pouso esquerdo e direito alçavam-se, a bequilha manteve-se no solo, sem que a aeronave ganhasse altura. No final da pista, a aeronave caiu, colidindo com o solo, a 100 metros da cabeceira. O piloto morreu em consequência do impacto.

O último acidente aconteceu no dia 7 de dezembro de 2008, com o hidroavião pilotado por Carlos Alberto Cavalcante Machado e que tinha como ocupantes o empresário Pedro Teixeira, e o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Francisco Sá Valente e o coronel da PM, Chagas. A aeronave decolou do aeroclube com destino a uma comunidade rural de Manaus, para entregas de cestas da campanha de Natal da PM. A aeronave caiu na Marina do Samarino, após perder o controle. O piloto morreu.

>>Danos irreparáveis

Antes disso, em novembro de 2007, um bimotor atingiu oito casas e destruiu três delas no bairro da União, ao lado do aeroclube. A aeronave caiu quando tentava pousar. Antes de cair, o piloto teve que desviar do prédio de uma universidade particular. Quatro pessoas estavam no avião, mas nenhuma ficou ferida.

Uma das casas destruídas foi a da autônoma Vânia Uchôa Cardoso, 32. Na casa, funcionava um pequeno comércio e durante o acidente, Vânia perdeu todas as mercadorias, que foram saqueadas. Ficaram as dívidas. Também por conta do acidente, a comerciante que é mãe de duas crianças, uma delas portadora de necessidades especiais, até hoje tem problemas por conta do trauma que os menores passaram. “Eles não tiveram nenhum acompanhamento psicológico”, afirma.

Hoje, a comerciante comprou uma casa, na rua Samambaia, também no bairro da União, com os R$ 25 mil que recebeu do Prosamim - que está atuando na área conhecida como ‘suvaco da cobra’, onde ficava a casa dela. Do acidente ainda não recebeu nada. Vânia moveu um processo por perdas e danos contra a empresa a Lafir Linhas Aéreas, proprietária do bimotor que destruiu sua casa. Até o processo não foi concluído.

Selma Maria Ferreira, 40, desempregada, é outra ‘vítima’ do acidente no bairro da União. A residência dela foi destruída e hoje tem casas também graças a indenização do Prosamim. “Até hoje tenho medo. Acho que isso vou levar para o resto da vida”, afirma.

Segundo o coronel Vladimir Passos, do Seripa 7, o número de acidentes é considerável para o tempo de existência da entidade. “Em vários países, muitos aeródromos e aeroportos estão localizados dentro das áreas urbanas das grandes cidades. Esse não é um problema só de Manaus”, observou.

Permitida reprodução deste citada a fonte.
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