Os índios da etnia Apurinã vão bloquear a partir de amanhã (01), parte da BR-317, que liga Boca do Acre (a 1.028 quilômetros ao sul de Manaus) à capital do Acre, Rio Branco, segundo informou o comandante da Polícia Militar (PM) de Boca do Acre, major Fabiano Bó. O bloqueio vai acontecer na altura do quilômetro 72, próximo à reserva da etnia.
- Eles estão reivindicando o asfaltamento de parte da estrada, além da implantação do programa do governo federal, Luz para Todos - explicou. O major disse ainda que os índios já estão com toda a logística da ocupação montada. "Eles contaram com o apoio de fazendeiros da região e têm carne suficiente para ficarem no local por um bom tempo", disse.
A região já foi ocupada em 2005 por trabalhadores da região. "Agora é diferente, porque os índios são mais violentos e já têm mais de 20 caixas de garrafas de cachaça. Isso pode aumentar ainda mais a violência dos indígenas", ressaltou.
>>Consequências econômicas
O major disse ainda que o bloqueio pode trazer sérias conseqüências econômicas ao Amazonas. "Aproximadamente, 60% da carne consumida no Estado vêm de Boca do Acre. Com o bloqueio da estrada, aproximadamente 300 bois deixarão de vir para o Estado diariamente. E os índios dizem que não sairão do local até terem suas reivindicações atendidas", explicou.
Segundo o coordenador estadual do programa 'Luz para Todos', Robson de Bastos, três comunidades, o que equivale a 80 famílias, da etnia Apurinã já foram beneficiadas com o programa, e a extensão do benefício está sendo programada para o próximo semestre.
Em relação à pavimentação da estrada, a Agência de Comunicação do Governo (Agecom) informou que existe um compromisso entre o governo do Estado e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Denit) para a realização da obra, mas que não foi executada pois esse compromisso ainda não está documentado. Não existe previsão de quando a obra será realizada.
>>Apoio
O coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Sateré Mawé, disse que o órgão apóia qualquer tipo de manifestação indígena e que ainda vai estudar de que maneira poderá ajudar a etnia Apurinã no bloqueio da estrada.
- Amanhã (hoje), vamos receber uma comitiva dos Apurinã para saber quais os reais motivos da manifestação. Mas desde já deixamos claro que a Coiab apóia os indígenas e vai fazer de tudo para que as suas reclamações sejam atendidas - explicou.
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