O prefeito Serafim Corrêa pode recuar e conceder o reajuste da tarifa de ônibus nas próximas horas. Está sendo pressionado a rever sua decisão de jogar essa tarefa para o futuro prefeito, Amazonino Mendes. O problema é que Amazonino, que prometeu reduzir o IPTU, humanizar o transporte público, ajudar os mais pobres com o bolsa família municipal, não quer entrar na prefeitura aumentando a passagem de ônibus.
Acha que essa responsabilidade cabe a Serafim. Nesse jogo de empurra-empurra, o único risco é o usuário ter que pagar mais por um serviço que já é ruim e que tende a piorar.
Os empresários, ao ameaçar paralisar o sistema, colocam uma corda no pescoço do prefeito Serafim Correa. Se recuar da sua decisão de não conceder o reajuste, terá permitido que a forte oposição ao seu governo nos últimos quatro anos, jogue uma pá de cal em seus projetos políticos futuros.
Na verdade, protelar o reajuste é um serviço ao usuário e à sociedade. E se vier a paralisação, como promete o representante das empresas, Acir Gurgaz, estará aberta a caixa preta do transporte público em Manaus, com todos os focos voltados para o seu conteúdo.
Uma radiografia mostrará as mazelas de um sistema que se apropriou de recursos da sociedade – as isenções fiscais na compra do diesel, por exemplo . O Sinistram afronta o estado e o município com uma ameaça cuja conseqüência deveria ser um distrito policial, com o indiciamento dos empresários, a começar pelo senhor Acir Gurgaz.
Acir mostrou duplo desprezo pelas leis. Primeiro, ao ameaçar paralisar cem por cento um serviço essencial. Segundo, por também ameaçar subtrair dos trabalhadores do sistema de transporte coletivo um direito trabalhista: o de receberem o 13° salário.
Recuar diante dessa ameaça, além de uma grande covardia para qualquer governante, é permitir que se abra uma cova para o próprio enterro político.
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