Matini foi encontrado morto na penitenciária de Rio Branco, no Estado do Acre. Ele denunciou vários políticos e juízes sobre esquema milionário no Amazonas antes de ser preso na Paraíba.
Foto: Portal Ecos da NotíciaFonte em especial: Blog do Holanda
Martini Martiniano, o homem que denunciou a existência de uma máfia no Amazonas, com raízes no judiciário,ministério público e policia foi encontrado morto em sua cela,na cadeia pública do Acre, esta tarde.
Martini foi preso em Manaus ano passado, recolhido a cadeia publica e libertado através de uma liminar que teria custado R$ 400 mil. No depoimento as autoridades acreanas, para onde fugiu e foi preso, ele revelou desvio de cerca de R$ 30 milhões do pólo moveleiro de Manaus,uma trama para matar Mauro Campbell, que envolvia o promotor Cândiddo Honório,e um esquema de corrupção que passava por juizes e desembargadores do Amazonas que desviava dinheiro do pólo moveleiro de Manaus, e a existência de senhas para identificar os membros da organização criminosa.
>>Carta revela proposta de R$ 150 mil para eliminar Martini
O ex-deputado estadual Michel Oliveira(foto), irmão de Martini Martiniano, encontrado morto na tarde de ontem, revelou que foram encontradas duas cartas no presídio Antônio Amaro Alves, em Rio Branco, contendo propostas de R$ 100 mil e de R$ 150 mil para matar Martiniano dentro da cadeia.
"Meu irmão estava jogado às traças. Até espancado o presídio ele foi", garantiu.
Martianiano acusou autoridades do MP, da Polícia e do Judiciário amazonense de fazerem parte de uma organização criminosa.
Michel disse que a família vai buscar respostas para saber o que de fato ocorreu com Martiniano e em que condições ocorreu a morte. "Se a Justiça foi omissa, ela terá que arcar com as conseqüências", disparou.
Oliveira informou que tentaram até envenenar seu irmão, que levado ao pronto-socorro. "Ele mesmo já tinha dito as autoridades que estava sendo ameaçado. Disse que supostos policiais tinham ido ao presídio lhe interrogar", acrescentou.
De acordo com o ex-deputado ofereceram verba para uma campanha eleitoral dele, mas, em troca, exigiram que Martini mudasse seu depoimento para a Justiça. Ele disse que pagava semanalmente R$ 200 para que Martini se mantivesse vivo dentro do presídio Amaro Alves.
Outro irmão, Orgeir de Oliveira, disse não aceita a idéia de que Martini tenha feito justiça com as próprias mãos. Ele acrescentou que tanto a Justiça como o estado tinham conhecimento de várias pessoas tinha interesse em calar Martiniano.
>>Martini se suicidou?
O suposto suicídio de Martini Martiniano começa a ser questionado pela polícia técnica do Acre. O local onde o corpo foi encontrado levanta as primeiras dúvidas com relação a morte do homem, que nos últimos dias denunciou às autoridades acreana que estava recebendo ameaças. Revelou, ainda, que fora interrogado por supostos policiais militares. Ninguém deu ouvidos ao que disse e na tarde desta terça-feira foi encontrado morto na cela que ocupava.
A polícia informou que o preso cometeu suicídio, mas os peritos que estiveram no presídio Antônio Amaro Alves questionam o que Martiniano fazia fora da cela e por que se enforcou numa área reservada para presos de bom comportamento.
Por telefone o Blog conseguiu conversar com um agente penitenciário do presídio Antônio Amaro, que não terá o nome revelado por motivos de segurança. De acordo com ele, Martini teve no mínimo uma facilitação para cometer o suicídio.
Ele disse que Martini, usou uma corda fina . Acrescentou que a corda foi amarrada nos ferros de um circulo que fica na área interna de lazer do presídio e ele deve ter se pendurado, mas a corda não agüentou o peso e quebrou, causando um corte no pescoço.
De acordo com a fonte, Martiniano sangrou muito antes de morrer.
Disse não entender o fato de ninguém ter visto Martiniano se enforcando, já que no local é comum a presença de presos e agentes. Outra suspeita levantada para que Martiniano tenha sido morto por enforcamento, é o fato de a corda que usou ser bastante grande.
>>Marcado para morrer
"Temo pela minha vida sim. Todos os dias antes de dormir fico pensando o que pode acontecer, mas não me importo de morrer, se a justiça não punir todos os envolvidos farei de tudo para tirar a minha vida e responsabilizar a Justiça por isso. Estou aqui falando toda a verdade e tudo o que sei, e o que quero é que os outros culpados também paguem pelo que fizeram, não vou pagar por esse crime sozinho".
Trecho de um depoimento à imprensa, em novembro passado, do latrocida Martini Martiniano, que alegou ter patrimônio de R$ 12 milhões, a maior parte dele conseguida através de extorsões no Amazonas. Ele temia morrer, mas até então o depoimento envolvendo autoridades do Judiciário, do Ministério Público e da policia do Amazonas permanecia em sigilo.
Sua divulgação aconteceu esta semana pelo Blog do Holanda e pelo jornal Repórter . Se teve influencia em sua morte, é difícil saber. Veja Trechos da entrevista concedida ao jornal Estrado do Acre,em novembro passado.
Em novembro do ano passado,Martini Martiniano recebeu a imprensa em sua cela no Acre, falou sobre o assassinato do médico e agiota Abib Cury, ocorrido em agosto de 1997, que o tornou, como disse, um "arquivo vivo". Segundo o jornal o Estado Acre, nessa entrevista Martiniano contou que depois do assassinato fugiu para o Amazonas e construiu um império através de extorsões e outros ilícitos.
"Resolvi falar com a imprensa para mostrar que estou falando a verdade, vou falar toda a verdade sobre a morte do Abib Cury, doa a quem doer, assim como estou pagando, todos os envolvidos terão que pagar também". Na ENrtrevista ele diz que o mandante do assassinato do médico foi e empresário acreano Pedro Lustosa "Iniciei minha vida de bandido com 16 anos, depois que policiais militares me prenderam e me torturaram por uma coisa que não havia feito. Eles (os policiais) me obrigaram a comer fezes, fiquei revoltado e resolvi ser bandido".
"Reconheço que a imprensa tem um papel muito importante com a população, que é de levar a informação, mas me sinto melhor na penitenciária, do que aqui com vocês. A imprensa tem fantasiado muito a respeito desse caso, falando inverdades e atribuindo a mim coisas que não fiz e que não falei. Meu patrimônio não é de R$ 80 milhões como estão dizendo por aí, tenho um patrimônio de cerca de R$ 12 milhões que construí trabalhando. Se tenho envolvimento com pessoas poderosas, é porque essas pessoas pagam pelos meus serviços, tenho sim alguns imóveis, mas não do jeito que vocês dizem". "Meu patrimônio não é de R$ 80 milhões como vocês estão falando, é apenas de R$ 12 milhões".
>>A Justiça acreana
"Espero que a justiça seja feita, estou aqui falando a verdade e para pagar pelos meus erros, só não vou pagar por esse crime sozinho, todos os culpados têm que pagar junto comigo. Só estou preso hoje graças à polícia acreana que nos últimos anos tem se tornado uma corporação séria e transparente, se fosse há outros tempos eu teria pago e estaria solto".
"Só estou preso porque a polícia do Acre mudou muito, se fosse anos atrás teria pago e estaria solto".
>>Temor à morte
"Temo pela minha vida sim. Todos os dias antes de dormir fico pensando o que pode acontecer, mas não me importo de morrer, se a justiça não punir todos os envolvidos farei de tudo para tirar a minha vida e responsabilizar a Justiça por isso. Estou aqui falando toda a verdade e tudo o que sei, e o que quero é que os outros culpados também paguem pelo que fizeram, não vou pagar por esse crime sozinho".
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