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Política>> Deputados questionam valor do gasoduto Coari-Manaus

quinta-feira, 16 de julho de 2009 | 16.7.09 WIB Last Updated 2010-02-08T18:51:22Z
Fonte: ALEAM
Os gastos da Petrobras, que está investindo R$ 4,58 bilhões no gasoduto Coari-Manaus, sem a obra ter sido entregue, levaram o deputado Ângelus Figueira (PV) a manifestar-se no plenário da Assembléia Legislativa. Ele recebeu o apoio de outros deputados, que também consideram a cifra muito alta para uma obra que, conforme a estatal, vai ser entregue somente em setembro e, no entanto, as matrizes que vão gerar energia ainda não estão prontas.

Figueira lembrou que no projeto inicial, em 2006, o gasoduto deveria sair por R$ 1,3 bilhões e que deveria ter sido entregue a sociedade em novembro de 2008, visando abastecer a cidade de Manaus e algumas cidades como Iranduba, Manacapuru, Tefé e Beruri com o gás natural.

Ele disse que até o ano passado já haviam sido gastos mais de R$ 2,4 bilhões, quase que o dobro do orçamento inicial, e a obra não foi entregue. “Atualmente a obra já está na casa dos R$ 4 bilhões, sem contudo, ter sido concluída, o que me leva a crer que houve falta de planejamento e descaso com o dinheiro público”, disse.

O mais grave na opinião do deputado é que enquanto a Petrobras aponta que fará a entrega do gasoduto em 90 dias, a Companhia de Gás do Amazonas (CIGÁS), que fará a distribuição do produto, ainda não aprontou a rede de distribuição de gás natural. “Sequer foi feita a licitação para que as usinas façam a mudanças das matrizes energéticas para receber o gás natural”, disse.

Atualmente, conforme a Petrobras, cerca de 80% da produção de gás natural na Bacia do Solimões é reinjetada, porque não há gasoduto para levar o produto ao mercado consumidor.

O restante é transformado em GLP (gás de cozinha) ou utilizado para consumo interno pela estatal. Segundo a estatal, o volume de gás natural produzido hoje na Bacia do Solimões, cerca de 10,3 milhões de metros cúbicos/dia, corresponde a um terço do volume contratado pela Petrobras com a Bolívia (30,08 milhões de metros cúbicos/dia.

O deputado Marco Antonio Chico Preto (PMDB) tem profunda desconfiança de que não há interesse das produtoras independentes de energia -que hoje queimam óleo combustível- em usar o gás natural. Ele explicou que existe um total descontrolo no abastecimento de combustível o que vai ser freado com a chegada do gás natural, porque há uma espécie de controle no sistema que permite a Cigás pagar apenas o que for consumido.

“Será que a máfia do combustível não está patrocinando essa resistência para que as produtoras independentes não mudem suas matrizes, haja vista que trabalhar com diesel elas faturam mais?”, questionou.
O deputado Liberman Moreno (PHS) propôs que os deputados chamem a atenção do governo federal para essa obra. Ele disse que a Prefeitura Municipal de Manaus tem o dever de cobrar a colocação dos dutos na cidade. “Eu vou conversar esse assunto com o prefeito Amazonino Mendes”, disse.

>>Dados oficiais

Relatório do Comitê de representantes da Eletrobras, Petrobras, Amazonas Energia e Cigás, encarregado de avaliar o custo do transporte do gás natural aponta que o orçamento para a construção gasoduto Urucu-Manaus, da Petrobras, teve um aumento de 84% desde o início da obra, em 2006, até março desde ano. O valor inicial previsto pela estatal era de R$ 2,4 bilhões agora o valor chega a R$ 4,58 bilhões.

No documento, a estatal diz que o motivo do encarecimento da obra seriam os aditivos contratuais com as empreiteiras envolvidas na obra. De acordo com fontes da empresa, mais um destes aditivos, no valor de R$ 200 milhões, estaria sendo negociado entre a Petrobras e o consórcio Consag (das construtoras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia), responsável pela construção do trecho do gasoduto entre Coari e Anamã. A estatal, no entanto, nega a articulação.

Os aditivos nos contratos estão entre os objetos de investigação da CPI da Petrobras. A Petrobras tem autonomia para contratar grandes obras sem licitação pública. O Tribunal de Contas da União, no entanto, tem questionado os aditivos contratuais acima de 25%, limite permitido por lei.

Permitida reprodução deste citada a fonte.
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