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Preservar>> Projeto incentiva desenvolvimento sustentável na Amazônia

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009 | 11.12.09 WIB Last Updated 2009-12-11T17:04:32Z
O ribeirinho Paulo dos Santos sabe que dinheiro não nasce em árvores. Ele escorre delas.

Sua principal fonte de renda é a coleta do óleo de copaíba, cada vez mais valorizado no Brasil e principalmente no exterior por suas propriedades medicinais.

Santos chega a ficar por duas semanas embrenhado na mata recolhendo a resina que depois ele vende por no máximo R$ 8 o litro, bem menos do que o que paga o consumidor final no exterior, onde um frasco de 30 ml custa o equivalente a R$ 17, ou mais de R$ 500 por litro.

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"Eu procuro as árvores na floresta e faço um furo nelas para o óleo escorrer. Depois é só tapar o furo com um pedaço de madeira que se eu voltar depois de um tempo vai ter mais óleo para recolher", conta o ribeirinho.

"O problema é que pagam muito pouco. Pra sobreviver disso a gente precisa de ajuda (financeira) senão a gente tem que cortar árvores pra vender madeira."

>>Sustentabilidade

A exploração sustentável de florestas - a coleta de óleo de copaíba é um bom exemplo - é exatamente o tipo de atividade que poderia ser incentivada em escala maior pelos projetos de Redução de Emissões geradas por Desmatamento e Degradação Florestas em Países em Desenvolvimento (Redd) que estão em discussão na conferência da ONU sobre o Clima em Copenhague.

Todos os projetos deste tipo no mundo ainda estão na fase de experiências (defensores da ideia esperam que a Conferência de Copenhague aprove os mecanismos para desenvolvê-los) e um dos pilotos mais avançados está sendo testado na região em que Paulo vive, na reserva floresta Juma, cerca de 400 quilômetros ao sul de Manaus.

A ideia é pagar moradores das áreas florestais por "serviços ambientais". Ou seja, famílias e comunidades recebem dinheiro ao se comprometer a não destruir florestas e a ajudar a protegê-las de potenciais ameaças.

As 338 famílias distribuídas em 40 comunidades que vivem na Reserva de Juma recebem um cartão de débito, e caso as inspeções feitas regularmente confirmem que as árvores permanecem intocadas, eles recebem um crédito na conta de US$ 30 por mês.

Empresas como a Coca-Cola e a cadeia de hotéis Marriott participam do projeto. A rede hoteleira internacional doou US$ 2 milhões para custear os primeiros quatro anos do piloto e, em troca, vai ter a preferência na compra dos créditos de carbono que serão gerados por conta do desmatamento evitado.

A reserva de Juma não tem acesso por terra e a viagem de barco até a cidade mais próxima - Novo Aripuanã - leva 36 horas a partir de Manaus e de lá barcos pequenos e lentos, chamados na Amazônia de "rabetas" - demoram mais quatro horas para chegar à vila de Boa Frente, a principal da reserva. Existe a opção de alugar um avião e tomar barcos mais rápidos, mas os custos de uma viagem dessas seriam proibitivos para virtualmente todos os moradores da reserva.

Todos os meses a mulher de Paulo, Josevalda, vai à cidade com os seis filhos para recolher os R$ 50 reais da Bolsa Floresta Renda pagos pelo governo do Estado do Amazonas para quem se comprometer a não cortar árvores nem queimar florestas para plantar.

"Não é muito, mas ajuda. Antes muita gente lá na vila cortava árvores para vender, mas agora isso não está mais acontecendo muito", disse.

Além do pagamento às famílias, o Bolsa Floresta inclui ainda outros três programas que dão dinheiro a fundos comunitários para que sejam desenvolvidos programas de infraestrutura (como instalação de escolas e rede elétrica) e a criação de atividades sustentáveis (como a coleta de produtos florestais).

"Desmatamento não acontece porque as pessoas são estúpidas ou irracionais, mas porque isso traz dinheiro. Se nós queremos parar a destruição o que temos que fazer é com que a floresta valha mais de pé do que derrubada", explica o diretor-geral da Fundação Amazonas Sustentável (uma parceria entre entidades privadas e o governo do Amazonas), Virgílio Viana.

>>Desmatamento

Fotos de satélite mostram que na região da Juma o desmatamento caiu de cerca de 150 hectares em 2006 (quanto a área de proteção foi criada) para menos de 80 em 2008.

Ainda não há dados totalizados para esse ano, embora seja tecnicamente possível para qualquer pessoa ao redor do mundo monitorar o desmatamento através das imagens de satélite disponibilizadas no site do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE).

"Temos diferentes programas de sensoriamento remoto que nos permitem acompanhar a evolução do desmatamento na Amazônia. Com um deles, fornecemos a cada quinze dias às autoridades a localização dos principais focos de destruição", disse o coordenador do programa Amazônia no INPE, Dalton Valeriano.

Mas embora a tecnologia utilizada para monitorar a Amazônia do espaço seja de ponta, chegar aos locais onde a devastação efetivamente acontece é outro problema bem maior.

"Nós poderíamos fornecer informações sobre focos de desmatamento até com mais velocidade mas a fiscalização já não dá conta das centenas de focos que passamos a cada duas semanas. Eles se esforçam mas são apenas 19 equipes em campo para cobrir toda a Amazônia", explica Valeriano.

Fonte: Portal G1, +info da agência BBC Brasil

Permitida reprodução deste citada a fonte.
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