Fonte: Agência EM TEMPO
Mais um bairro da capital está sofrendo as consequências da cheia deste ano. Aproximadamente 300 moradores dos becos Beira Mar e Boa Sorte, localizados no bairro Presidente Vargas, Zona Sul, temem ficar desabrigados caso ainda haja a ocorrência das fortes chuvas, nos próximos dias.
De acordo com o vigilante Gilson Nascimento, 35, os próprios moradores do beco Beira Mar tiveram que construir pontes improvisadas com pedaços de madeira para ter acesso às suas residências. Segundo o morador, com a chuva do último sábado (2), a água da bacia do São Raimundo, que corta as palafitas, subiu quase meio metro.
“Nós estamos de mãos atadas, já ligamos várias vezes para a Defesa Civil, que até agora não veio nos ajudar. Está perigoso demais, principalmente para as crianças e os idosos”, ressaltou.
A situação está ainda mais complicada para quem mora no beco Boa Sorte, onde a água já subiu quase seis metros e pelo menos três casas estão submersas à água suja e muito lixo.
Na residência da autônoma Soraya Leitão, 33, por exemplo, a grande quantidade de lixo, originado pela poluição dos igarapés adjacentes, trouxe a presença indesejável de insetos como o caramujo africano, barata, aranha e até animais peçonhentos como cobras e ratos.
“A gente fica todo tempo com medo, porque de repente aparece uma cobra e acaba picando uma criança dessa e matando, fora as doenças que esses bichos podem causar”, enfatizou.
Há também moradores que perderam seus eletrodomésticos com a subida das águas. Foi o caso da doméstica Mônica Peres, 35, que teve a sua geladeira queimada com a entrada da água em sua residência de madeira. “O vento e peso da água fizeram com que a minha casa inclinasse para baixo. Com isso, a minha geladeira foi para o fundo, mas a minha maior preocupação é com minhas sete crianças, porque se elas caírem nessa água vai ser difícil de salvar por conta da profundidade”, lamentou.
Mas o improviso dos moradores acaba colocando em risco a vida de quem precisa se equilibrar nas tábuas de madeira. Durante a presença da equipe do EM TEMPO no local, uma criança de aparentemente cinco anos escorregou e por pouco não caiu no igarapé. “Isso acontece aqui todo o tempo”, afirmaram os moradores. Na manhã de ontem, o EM TEMPO entrou em contato com a Secretaria Municipal de Defesa Civil (Semdec) que garantiu visitar os moradores dos bairros Presidente Vargas e Glória ainda hoje.
A assessoria de imprensa do órgão justificou a demora no atendimento às famílias em função da grande quantidade de chamadas recebidas por dia, especialmente em dias chuvosos, ultrapassando 15 ocorrências.
>>Situação se agrava em Itacoatiara
Em Itacoatiara (a 266km de Manaus) a forte chuva da madrugada de ontem contribuiu para o agravamento da situação crítica do município que está sendo castigado pela cheia. No bairro do Jauari, mais de cem famílias tiveram que ser retiradas e encaminhadas a abrigos improvisados em escolas. As três ruas que formam o bairro foram completamente alagadas.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Itacoatiara, Paulo Reis, o número de desabrigados pode aumentar visto que a situação tem se agravado nos últimos dias. “Todos os bairros estão em situação de emergência. Desde a semana passada estamos retirando os moradores de suas casas. Até as pontes de madeiras que construímos já estão submersas. As famílias que moram próximo à orla do rio tem sido as principais prejudicadas e ainda os moradores da zona rural”.
O município de São Paulo de Olivença (distante a 988 km de Manaus) é outro atingido pela cheia do rio Solimões. Aproximadamente 15 mil pessoas já tiveram suas casas invadidas pela água e cem famílias já foram prejudicadas. A área mais afetada é a Zona Rural, onde os agricultores perderam todas as plantações.
>>Desespero na ‘Glória’
No bairro da Glória, Zona Oeste, a situação dos moradores do beco São José e Oswaldo Cruz é de desespero. Na noite de sábado, dia 2, a água do rio subiu e invadiu as casas. Alguns moradores levantaram o assoalho das casas para tentar salvar os móveis. Outros, abandonaram as residências e procuraram abrigo na casa de parentes. A Defesa Civil do município já esteve no local.
Segundo a dona de casa Rosinilda Oliveira da Silva, 35, a água subiu em questão de minutos e invadiu as casas. Desde o início da semana as residências que ficam na margem do rio estavam sendo ameaçadas de serem invadidas pela água, o que aconteceu por volta das 19h do último sábado. “Estávamos em casa quando percebemos que a água tinha invadido tudo. A minha foi uma das mais atingidas porque fica no final do beco. Graças a Deus consegui tirar os meus móveis e vou passar a noite na casa da minha irmã”, comentou.
O mecânico Rodney da Cruz Silva, 41, tentou salvar o pouco que conseguiu construir em anos de trabalho. Desempregado e com uma filha recém-nascida, ele sobrevive com ajuda de Deus e familiares. “Eu não tenho para onde ir e nem como comprar madeira para levantar o meu assoalho. Estamos nos virando com a sorte e ajuda de Deus”, lamentou.
Os moradores também precisam enfrentar outro problema: os animais e o lixo trazido para dentro das casas com a subida das águas. “Hoje (ontem) meu filho viu uma cobra e várias aranhas. O risco de contaminação é enorme porque tudo fica úmido”, informou Maria Ondina Santos, 52 anos.
A Defesa Civil do município foi acionada pelos moradores e esteve no local fazendo uma avaliação do caso. O órgão providenciou vários kits de madeira para construção de uma ponte como medida de emergência para locomoção dos moradores e informou que irá retornar ao local nesta semana.
Permitida reprodução deste citada a fonte.
Mais um bairro da capital está sofrendo as consequências da cheia deste ano. Aproximadamente 300 moradores dos becos Beira Mar e Boa Sorte, localizados no bairro Presidente Vargas, Zona Sul, temem ficar desabrigados caso ainda haja a ocorrência das fortes chuvas, nos próximos dias.
De acordo com o vigilante Gilson Nascimento, 35, os próprios moradores do beco Beira Mar tiveram que construir pontes improvisadas com pedaços de madeira para ter acesso às suas residências. Segundo o morador, com a chuva do último sábado (2), a água da bacia do São Raimundo, que corta as palafitas, subiu quase meio metro.
“Nós estamos de mãos atadas, já ligamos várias vezes para a Defesa Civil, que até agora não veio nos ajudar. Está perigoso demais, principalmente para as crianças e os idosos”, ressaltou.
A situação está ainda mais complicada para quem mora no beco Boa Sorte, onde a água já subiu quase seis metros e pelo menos três casas estão submersas à água suja e muito lixo.
Na residência da autônoma Soraya Leitão, 33, por exemplo, a grande quantidade de lixo, originado pela poluição dos igarapés adjacentes, trouxe a presença indesejável de insetos como o caramujo africano, barata, aranha e até animais peçonhentos como cobras e ratos.
“A gente fica todo tempo com medo, porque de repente aparece uma cobra e acaba picando uma criança dessa e matando, fora as doenças que esses bichos podem causar”, enfatizou.
Há também moradores que perderam seus eletrodomésticos com a subida das águas. Foi o caso da doméstica Mônica Peres, 35, que teve a sua geladeira queimada com a entrada da água em sua residência de madeira. “O vento e peso da água fizeram com que a minha casa inclinasse para baixo. Com isso, a minha geladeira foi para o fundo, mas a minha maior preocupação é com minhas sete crianças, porque se elas caírem nessa água vai ser difícil de salvar por conta da profundidade”, lamentou.
Mas o improviso dos moradores acaba colocando em risco a vida de quem precisa se equilibrar nas tábuas de madeira. Durante a presença da equipe do EM TEMPO no local, uma criança de aparentemente cinco anos escorregou e por pouco não caiu no igarapé. “Isso acontece aqui todo o tempo”, afirmaram os moradores. Na manhã de ontem, o EM TEMPO entrou em contato com a Secretaria Municipal de Defesa Civil (Semdec) que garantiu visitar os moradores dos bairros Presidente Vargas e Glória ainda hoje.
A assessoria de imprensa do órgão justificou a demora no atendimento às famílias em função da grande quantidade de chamadas recebidas por dia, especialmente em dias chuvosos, ultrapassando 15 ocorrências.
>>Situação se agrava em Itacoatiara
Em Itacoatiara (a 266km de Manaus) a forte chuva da madrugada de ontem contribuiu para o agravamento da situação crítica do município que está sendo castigado pela cheia. No bairro do Jauari, mais de cem famílias tiveram que ser retiradas e encaminhadas a abrigos improvisados em escolas. As três ruas que formam o bairro foram completamente alagadas.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Itacoatiara, Paulo Reis, o número de desabrigados pode aumentar visto que a situação tem se agravado nos últimos dias. “Todos os bairros estão em situação de emergência. Desde a semana passada estamos retirando os moradores de suas casas. Até as pontes de madeiras que construímos já estão submersas. As famílias que moram próximo à orla do rio tem sido as principais prejudicadas e ainda os moradores da zona rural”.
O município de São Paulo de Olivença (distante a 988 km de Manaus) é outro atingido pela cheia do rio Solimões. Aproximadamente 15 mil pessoas já tiveram suas casas invadidas pela água e cem famílias já foram prejudicadas. A área mais afetada é a Zona Rural, onde os agricultores perderam todas as plantações.
>>Desespero na ‘Glória’
No bairro da Glória, Zona Oeste, a situação dos moradores do beco São José e Oswaldo Cruz é de desespero. Na noite de sábado, dia 2, a água do rio subiu e invadiu as casas. Alguns moradores levantaram o assoalho das casas para tentar salvar os móveis. Outros, abandonaram as residências e procuraram abrigo na casa de parentes. A Defesa Civil do município já esteve no local.
Segundo a dona de casa Rosinilda Oliveira da Silva, 35, a água subiu em questão de minutos e invadiu as casas. Desde o início da semana as residências que ficam na margem do rio estavam sendo ameaçadas de serem invadidas pela água, o que aconteceu por volta das 19h do último sábado. “Estávamos em casa quando percebemos que a água tinha invadido tudo. A minha foi uma das mais atingidas porque fica no final do beco. Graças a Deus consegui tirar os meus móveis e vou passar a noite na casa da minha irmã”, comentou.
O mecânico Rodney da Cruz Silva, 41, tentou salvar o pouco que conseguiu construir em anos de trabalho. Desempregado e com uma filha recém-nascida, ele sobrevive com ajuda de Deus e familiares. “Eu não tenho para onde ir e nem como comprar madeira para levantar o meu assoalho. Estamos nos virando com a sorte e ajuda de Deus”, lamentou.
Os moradores também precisam enfrentar outro problema: os animais e o lixo trazido para dentro das casas com a subida das águas. “Hoje (ontem) meu filho viu uma cobra e várias aranhas. O risco de contaminação é enorme porque tudo fica úmido”, informou Maria Ondina Santos, 52 anos.
A Defesa Civil do município foi acionada pelos moradores e esteve no local fazendo uma avaliação do caso. O órgão providenciou vários kits de madeira para construção de uma ponte como medida de emergência para locomoção dos moradores e informou que irá retornar ao local nesta semana.
Permitida reprodução deste citada a fonte.