Em alguns lugares nem dá para ver a água. É possível navegar sobre cardumes inteiros que apodrecem na superfície.
O fenômeno natural foi causado pelo aumento da temperatura nos afluentes do rio Solimões. Sem água corrente, nem chuva e sem nuvens para bloquear o sol a água ficou muito quente.
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O biólogo Efren Ferreira explica o motivo das mortes. "O aumento da temperatura faz com que haja naturalmente uma diminuição do oxigênio disponível na água. Muitas espécies vão sucumbir por falta de oxigênio."
No município de Manaquiri, já são 14 mil ribeirinhos atingidos. A prefeitura suspendeu as aulas de 2.600 crianças que dependem de barcos para chegar às escolas. Os alunos que continuam estudando agora levam "toalhinhas" que servem como máscaras.
+Veja o vídeo produzido para o 'Jornal Hoje', da TV Globo
"A gente pega as toalhinhas para se proteger da catinga e não pode fazer mais nada", reclama a professora, Vanderniuza Santos da Silva.
Com tanto peixe morto, o cheiro é insuportável. Além de conviver com o cheiro e ter ficado sem os peixes, base da alimentação, os ribeirinhos desta região ainda estão sem água para tomar banho, cozinhar e até para beber.
O rio que passa em frente a casa deles está contaminada pelos peixes em decomposição.
Dona Rosilene Seixas lava a louça da família em um poço raso de água suja, bem ao lado do rio. Para conseguir água potável para os quatro filhos, ela tem que ir longe. "Canoa, rabeta para chegar até lá. Meia hora de viagem."
Seu Glicério Figueiredo que é pescador e mora em uma casa flutuante sobrevive com os peixes que conserva no sal e no sol. Só dá para poucos dias. Sem trabalho, depende do seguro defeso. E torce para que a chuva volte. Segundo os meteorologistas a situação só vai voltar ao normal em janeiro.
"Até lá é esse sofrimento não tem para onde correr", lamenta o pescador.
Fonte e vídeo: Daniela Assayag, para o 'Jornal Hoje', da TV Globo
Imagem: Reprodução
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