A empresa CETRAM - Central de Energia e Tratamento de Resíduos da Amazônia -, que funciona no bairro do Puraquequara, Zona Leste, foi interditada nesta sexta-feira, 17, pela Prefeitura de Manaus sob a acusação de jogar material poluente no igarapé que atravessa o bairro.
A empresa foi denunciada pelos moradores do Puraquequara, que procuraram a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) alegando que as águas do igarapé, bem como a vegetação nas margens do córrego, estavam com coloração diferente. Os moradores também denunciaram a morte de peixes e de animais que utilizavam as águas do igarapé.
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Marcelo Dutra, a Semma inspecionou a área e coletou amostras de água e vegetação pelo período de 60 dias. As análises mostram contaminação da água e do solo por diversos metais como cromo, zinco e alumínio dissolvido, além de outras substâncias como cianeto e cloro, entre outros.
O auto de interdição foi entregue pessoalmente pelo secretário ao representante da empresa Cetram, que não quis conversar com a imprensa. Em conversa com Marcelo Dutra, ele alegou desconhecer a contaminação causada pela empresa, por isso recusou-se a assinar o auto de interdição.
Para o secretário Marcelo Dutra, a contaminação das águas prejudica não apenas a fauna e flora do local mas as famílias de agricultores do Puraquequara, que em alguns casos usam a água do igarapé para irrigar plantações e cuidar de animais. “É uma crime que vai além de destruir o meio ambiente porque também prejudica diretamente as famílias que moram próximas à empresa”, destacou.
A Semma informou ainda que os moradores do bairro enviaram as denuncias ao Ministério Público do Estado, que encaminhou o pedido de investigação à Prefeitura. “Por precaução estamos interditando a empresa Cetram, que não poderá funcionar até provar que não continua poluindo o igarapé”, acrescentou Marcelo.
Entre as substâncias encontradas nas águas e na vegetação do local está o elemento cromo, que ingerido por seres humanos pode causar câncer e outros tipos de doenças que levam à morte.
Outro elemento encontrado é o bário, cujo limite tolerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 0,7 mililitros por litro de água. No igarapé, o nível de bário chegou a 57 mililitros por litro, tornando impossível a sobrevivência de peixes e plantas.
A Semma informou que a empresa receberá multas diárias caso desobedeça o auto de infração e que o caso será enviado como denúncia crime ao Ministério Público. A empresa ainda pode recorrer do auto de infração.
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